Uma nova cultivar de milho branco apresenta características que a tornam alternativa ao trigo para produção de farinha. O milho BRS 015 Farináceo Branco ainda tem potencial para panificação com foco em públicos com restrição de consumo de glúten, uma vez que grãos de milho não contêm essa substância. O novo cereal será lançado pela Embrapa Clima Temperado (RS) no dia 29 de agosto, durante a Expointer, em Esteio (RS).
Por sua composição, a variedade apresenta farinha de menor granulometria – ou seja, mais fina – do que as obtidas a partir de variedades tradicionais de milho. O melhor desempenho na moagem em comparação a essas variedades também pode resultar em rendimento de extração de amido de 40%, o que ajuda a dar estrutura e deixar as massas mais macias.
Outro destaque é a cor do grão que, mesmo integral, gera uma farinha branca. Isso, somado à baixa granulometria, resulta em pães e biscoitos similares aos obtidos a partir do trigo. “Quando fazemos um pão com a farinha de milho branco, ele fica com aspecto mais bonito e a massa mais coesa. Não fica esfarelando. Geralmente, o milho amarelo não dá uma característica boa para a coesividade do pão”, explica a pesquisadora do Núcleo de Alimentos da Embrapa Clima Temperado Ana Cristina Krolow.
Comparações com uma variedade de milho comercial realizadas na Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ), onde o cereal foi transformado em fubá e farinha, indicam, de fato, que o novo milho farináceo é mais mole, mais facilmente triturado e que, portanto, produz mais farinha, sendo menos arenoso em textura. Segundo avaliação do pesquisador Rogério Germani, a indicação é para agregação a pães, biscoitos e bolos, mas não para produção de salgadinhos (snacks), que exigem material mais grosso. Além disso, o material tem mais facilidade de cocção, com gel mais viscoso após o resfriamento.
Por isso, os pesquisadores enxergam no novo material uma oportunidade de mercado. “O nosso objetivo é disponibilizar o material para agricultores familiares e entrar em nichos de mercado, principalmente para celíacos ou pessoas que fazem dieta com menos glúten”, declara um dos pesquisadores responsáveis pela cultivar, Éberson Eicholz.
Análises físico-químicas do grão, que indicam sua composição, também foram realizadas nos laboratórios da Embrapa, onde foram avaliados os teores de umidade, fibras, gordura, proteínas e minerais. Segundo Ana Cristina, a variedade apresentou teores de proteínas e minerais – como cobre, manganês, ferro e zinco – superiores aos do milho tradicional.
Uma fatia de 100g de pão feito de farinha obtida a partir da variedade corresponde a 31% das necessidades de ingestão de ferro segundo a tabela de Ingestão Diária Recomendada para adultos (IDR) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Isso é um bom resultado para esse milho, haja vista que outros milhos amarelos não têm uma concentração tão elevada de ferro”, afirma.
Os resultados ainda indicam que 100g desse grão correspondem a 2,8% das necessidades de ingestão de cálcio, 106% de magnésio, 12% de fósforo, 41% de manganês e 22% de cobre. E que seus teores de proteínas, gordura e fibra bruta correspondem a 12%, 8% e 11% das necessidades diárias recomendadas para adultos saudáveis, respectivamente.
A sugestão é que, a partir dos grãos da BRS 015FB, seja produzida farinha integral, de maneira que ela incorpore os óleos naturais do milho – gorduras consideradas boas e responsáveis pelo bom funcionamento do organismo.
O milho BRS 015 Farináceo Branco padroniza uma variedade crioula cultivada e mantida pelos agricultores familiares da região sul do Rio Grande do Sul. São plantas de porte baixo, com pouco mais de dois metros de altura, o que facilita a colheita e o manejo. A produção média é de cinco mil quilos por hectare, com uma espiga por planta. “Acaba sendo mais eficiente porque tem uma maior produção direcionada à espiga”, explica Eicholz.
Apesar de ter porte menor e produzir menos do que as variedades tradicionais de milho, o BRS 015 Farináceo Branco tem como diferencial o apelo a um nicho, o que tende a aumentar o seu valor de mercado. A intenção da Cooperativa União, de Canguçu (RS), uma das licenciadas para a produção de sementes, é comercializar as sementes e a farinha 30% mais caras do que as demais.
“Pretendemos agregar valor na produção dos agricultores, trazendo o milho, industrializando e levando ao nosso consumidor um produto diferenciado. Além da farinha, pretendemos incentivar a produção de sementes, comercializando a um valor superior ao das demais sementes crioulas que a gente já produzia”, revela o presidente da entidade, Fabris Prestes.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Sérgio dos Anjos, que deu início ao trabalho de melhoramento desse material no fim da década de 1990, o enfoque foi justamente esse. “Quando comparado [a outros cereais], o milho farináceo não tem alta produtividade. Mas o que se dá ênfase é nos produtos especiais para os quais são destinados, como farinha sem glúten, milho-verde e, inclusive, massa sem glúten, que era uma das propostas do nosso trabalho à época”, conta.
Dado seu apelo a um público preocupado com questões ligadas à saúde, a variedade também é indicada à produção orgânica. “Ela tem sido avaliada na produção orgânica há alguns anos e apresentado uma boa produtividade. O interessante é agregar valor à farinha pela introdução no sistema orgânico”, completa Eicholz.
Agronomicamente, o ciclo até o chamado pendoamento, quando as primeiras espigas aparecem, é precoce. Gira em torno de 70 dias. A partir daí, são mais 50 para enchimento dos grãos. No total, são 120 dias para a maturação completa após o plantio, quando ocorre a colheita. Além disso, a cultivar é de polinização aberta (varietal), permitindo o replantio nas próximas safras sem a necessidade de compra de novas sementes. Isso reduz custos e dá mais independência aos agricultores.
A qualidade do grão também torna a variedade apta para produção de milho-verde. Dessa forma, em que o milho é colhido e preparado antes da maturação, os grãos apresentam sabor mais adocicado. No Rio Grande do Sul, para onde a cultivar é adaptada e recomendada, o plantio ocorre de setembro a dezembro, e a colheita de janeiro a abril.
Uma nova cultivar de milho branco apresenta características que a tornam alternativa ao trigo para produção de farinha. O milho BRS 015 Farináceo Branco ainda tem potencial para panificação com foco em públicos com restrição de consumo de glúten, uma vez que grãos de milho não contêm essa substância. O novo cereal será lançado pela Embrapa Clima Temperado (RS) no dia 29 de agosto, durante a Expointer, em Esteio (RS).
Por sua composição, a variedade apresenta farinha de menor granulometria – ou seja, mais fina – do que as obtidas a partir de variedades tradicionais de milho. O melhor desempenho na moagem em comparação a essas variedades também pode resultar em rendimento de extração de amido de 40%, o que ajuda a dar estrutura e deixar as massas mais macias.
Outro destaque é a cor do grão que, mesmo integral, gera uma farinha branca. Isso, somado à baixa granulometria, resulta em pães e biscoitos similares aos obtidos a partir do trigo. “Quando fazemos um pão com a farinha de milho branco, ele fica com aspecto mais bonito e a massa mais coesa. Não fica esfarelando. Geralmente, o milho amarelo não dá uma característica boa para a coesividade do pão”, explica a pesquisadora do Núcleo de Alimentos da Embrapa Clima Temperado Ana Cristina Krolow.
Comparações com uma variedade de milho comercial realizadas na Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ), onde o cereal foi transformado em fubá e farinha, indicam, de fato, que o novo milho farináceo é mais mole, mais facilmente triturado e que, portanto, produz mais farinha, sendo menos arenoso em textura. Segundo avaliação do pesquisador Rogério Germani, a indicação é para agregação a pães, biscoitos e bolos, mas não para produção de salgadinhos (snacks), que exigem material mais grosso. Além disso, o material tem mais facilidade de cocção, com gel mais viscoso após o resfriamento.
Por isso, os pesquisadores enxergam no novo material uma oportunidade de mercado. “O nosso objetivo é disponibilizar o material para agricultores familiares e entrar em nichos de mercado, principalmente para celíacos ou pessoas que fazem dieta com menos glúten”, declara um dos pesquisadores responsáveis pela cultivar, Éberson Eicholz.
Análises físico-químicas do grão, que indicam sua composição, também foram realizadas nos laboratórios da Embrapa, onde foram avaliados os teores de umidade, fibras, gordura, proteínas e minerais. Segundo Ana Cristina, a variedade apresentou teores de proteínas e minerais – como cobre, manganês, ferro e zinco – superiores aos do milho tradicional.
Uma fatia de 100g de pão feito de farinha obtida a partir da variedade corresponde a 31% das necessidades de ingestão de ferro segundo a tabela de Ingestão Diária Recomendada para adultos (IDR) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Isso é um bom resultado para esse milho, haja vista que outros milhos amarelos não têm uma concentração tão elevada de ferro”, afirma.
Os resultados ainda indicam que 100g desse grão correspondem a 2,8% das necessidades de ingestão de cálcio, 106% de magnésio, 12% de fósforo, 41% de manganês e 22% de cobre. E que seus teores de proteínas, gordura e fibra bruta correspondem a 12%, 8% e 11% das necessidades diárias recomendadas para adultos saudáveis, respectivamente.
A sugestão é que, a partir dos grãos da BRS 015FB, seja produzida farinha integral, de maneira que ela incorpore os óleos naturais do milho – gorduras consideradas boas e responsáveis pelo bom funcionamento do organismo.
O milho BRS 015 Farináceo Branco padroniza uma variedade crioula cultivada e mantida pelos agricultores familiares da região sul do Rio Grande do Sul. São plantas de porte baixo, com pouco mais de dois metros de altura, o que facilita a colheita e o manejo. A produção média é de cinco mil quilos por hectare, com uma espiga por planta. “Acaba sendo mais eficiente porque tem uma maior produção direcionada à espiga”, explica Eicholz.
Apesar de ter porte menor e produzir menos do que as variedades tradicionais de milho, o BRS 015 Farináceo Branco tem como diferencial o apelo a um nicho, o que tende a aumentar o seu valor de mercado. A intenção da Cooperativa União, de Canguçu (RS), uma das licenciadas para a produção de sementes, é comercializar as sementes e a farinha 30% mais caras do que as demais.
“Pretendemos agregar valor na produção dos agricultores, trazendo o milho, industrializando e levando ao nosso consumidor um produto diferenciado. Além da farinha, pretendemos incentivar a produção de sementes, comercializando a um valor superior ao das demais sementes crioulas que a gente já produzia”, revela o presidente da entidade, Fabris Prestes.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Sérgio dos Anjos, que deu início ao trabalho de melhoramento desse material no fim da década de 1990, o enfoque foi justamente esse. “Quando comparado [a outros cereais], o milho farináceo não tem alta produtividade. Mas o que se dá ênfase é nos produtos especiais para os quais são destinados, como farinha sem glúten, milho-verde e, inclusive, massa sem glúten, que era uma das propostas do nosso trabalho à época”, conta.
Dado seu apelo a um público preocupado com questões ligadas à saúde, a variedade também é indicada à produção orgânica. “Ela tem sido avaliada na produção orgânica há alguns anos e apresentado uma boa produtividade. O interessante é agregar valor à farinha pela introdução no sistema orgânico”, completa Eicholz.
Agronomicamente, o ciclo até o chamado pendoamento, quando as primeiras espigas aparecem, é precoce. Gira em torno de 70 dias. A partir daí, são mais 50 para enchimento dos grãos. No total, são 120 dias para a maturação completa após o plantio, quando ocorre a colheita. Além disso, a cultivar é de polinização aberta (varietal), permitindo o replantio nas próximas safras sem a necessidade de compra de novas sementes. Isso reduz custos e dá mais independência aos agricultores.
A qualidade do grão também torna a variedade apta para produção de milho-verde. Dessa forma, em que o milho é colhido e preparado antes da maturação, os grãos apresentam sabor mais adocicado. No Rio Grande do Sul, para onde a cultivar é adaptada e recomendada, o plantio ocorre de setembro a dezembro, e a colheita de janeiro a abril.