Boca Raton/FL – A guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo está criando uma onda de internacionalização de empresas e remapeando as cadeias de fornecimento globais em detrimento da manufatura chinesa. É o que prova um recente estudo da Organização global QIMA – instituto de controle, com sede em Hong Kong, que realiza auditorias, inspeciona fornecedores e realiza testes de laboratório em produtos em todos os continentes.
Segundo a pesquisa, a demanda por auditorias da QIMA na China caiu 13%, já que os fabricantes do continente estão perdendo seus clientes estrangeiros mais rapidamente devido aos custos associados às tarifas ou estão transferindo parte da sua produção para fora da China para evitar essas tarifas. A porcentagem de empresas que abandonam a China pesquisadas pela QIMA, foi de 80% para as empresas americanas e 67% para as da União Européia.
Mudando o ‘Made in China’
As empresas européias são menos afetadas pela guerra comercial porque seus países não impuseram tarifas sobre as importações chinesas. Mas a QIMA acredita que eles têm suas próprias razões para reduzir sua dependência da fabricação chinesa. A maioria está se diversificando no sudeste da Ásia e optando por ficar mais “perto de casa”.
Essa diversificação contínua da cadeia de fornecimento global cria amplas oportunidades para os investidores corporativos e dá origem a novos mercados em países como o Vietnã, por exemplo. As grandes empresas estão se movimentando com o aumento dos custos trabalhistas na China e com o avanço do governo na adoção de leis ambientais no estilo ocidental, abandonando o antigo estilo Chinês que ignorava a poluição e os direitos trabalhistas.
Brasil em vantagem internacional
Esse novo cenário de movimentação de empresas está favorecendo negócios brasileiros ganhem espaço em mercados internacionais. Para Carlo Barbieri, economista brasileiro que dirige a Consultoria Oxford Group – especilizada em internacionalização de empresas nos Estados Unidos há mais de 30 anos, e recentemente em Portugal, empresários brasileiros mais atentos estão de olho nas vantagens que este cenário está gerando, especialmente para o Brasil.
“Com a guerra comercial, Pequim tem ainda mais incentivo para se aproximar e abrir espaço à negócios do Brasil e de seus outros parceiros no grupo BRICS de economias emergentes – Rússia, Índia e África do Sul. Enquanto isso nos EUA, em 2015 – dado mais recente divulgado – o valor vendido no mercado interno e o valor adicionado pelas subsidiárias brasileiras ao PIB americano foi de US$ 48,3 bilhões e US$ 7,9 bilhões, respectivamente”, pondera o economista brasileiro.
Dados do Mapa Bilateral de Investimentos Brasil / USA 2019, mostram que o estoque de IED (Investimento Estrangeiro Direto) brasileiro nos Estados Unidos cresceu 356% entre 2008, quando era de US$ 9,3 bilhões para US$ 42,8 bilhões em 2017. Os brasileiros estão investindo em diferentes setores americanos como, metais, comércio atacadista e instituições financeiras, em 2015 – dado mais recente divulgado até agora.
“Nestes tempos de incerteza, os mercados emergentes mais arriscados são mais atingidos, com os investidores se esquivando e levando seu dinheiro para países “mais seguros”. Os mercados vêm se ajustando em escala global a um cenário que mudou muito rapidamente. Agora, o desempenho dos ativos brasileiros estará atrelado aos mercados estrangeiros até que haja um avanço sobre as negociações comerciais. O empresário brasileiro não quer perder tempo e quer tirar o máximo de vantagens dessa guerra”, afirma Carlo Barbieri.
Empresas brasileiras internacionais
Para Carlo Barbieri, além das vantagens com a guerra comercial, as incertezas que pairam sobre o projeto de reforma da Previdência no Brasil, podem ser um dos fatores que estão estimulando um número maior de brasileiros a buscar alternativas de investimentos em outros países. A nova relação – mais próxima – dos EUA com o Brasil configura o território americano como um cenário ideal procurado por brasileiros que estão interessados em aposentar-se, no longo prazo, em dólar ou proteger seus patrimônios.
“Em busca de segurança econômica, empresários brasileiros estão interessados em posicionar parte de seus investimentos nos EUA. Em muitos casos, a escolha não é definitiva, mas se bem assessorada e planejada a internacionalização do negócio pode render uma aposentadoria em dólar e é com este objetivo que muitos brasileiros tem nos procurado. Somente este ano já detectamos um aumento de 10% na procura”, explica Carlo Barbieri.
O consultor explica que o prolongamento da guerra comercial e este novo fenômeno de movimentação internacional de empresas estão reordenando a regra do jogo corporativo, conferindo inclusive, mais espaço para empresas brasileiras. A proximidade geográfica dos EUA também tem sido um fator considerado importante pelo empresário brasileiro que decide internacionalizar sua empresa para a américa.
“Não há outro momento que não este para aproveitar as oportunidades que esta guerra tem gerado. Nos EUA, as novas políticas fiscais de Trump resultaram na redução do imposto de renda para empresas em território americano, que passou de 35% para 21%. É fundamental contratar uma consultoria especializada em mercados globais para tirar o máximo proveito desse cenário e internacionalizar corretamente sua empresa, produto ou serviço”, alerta o economista e consultor.
(*) Com informações da Onevox Press
Comentários