Leite: INs 76 e 77 traçam níveis de qualidade desafiadores à cadeia láctea

As instruções normativas (INs) 76 e 77 trazem muitas novidades para a cadeia láctea, estabelecendo novas regras para a produção de leite desde a fazenda até a indústria.

A IN 76 se refere às características e qualidade do leite na indústria. Já a IN 77 descreve critérios para obtenção de leite de qualidade e seguro ao consumidor, e que envolvem desde a gestão da propriedade, instalações e equipamentos, formação técnica, controle efetivo da mastite e outros.

No setor produtivo, os programas de autocontrole (PAC) que já vinham sendo cobrados pelos fiscais dos serviços de inspeção, agora está mais claro e regulamentado na IN 77.

Os PAC devem abordar o estado sanitário do rebanho, planos para qualificação dos fornecedores de leite, programas de seleção e capacitação de transportadores, sistemas de cadastro dos transportadores e produtores, inclusive com georreferenciamento, além de descrever todos os procedimentos de coleta.

A rastreabilidade também é contemplada na IN 77. Antes do leite ser transferido para o tanque do caminhão, uma amostra deve ser coletada do tanque de cada produtor, identificada e conservada até a recepção no laticínio, procedimento este que já havia sido regulamentado pelo novo RIISPOA.

A temperatura máxima para recepção no laticínio deverá ser de 7 °C.

Quanto as análises para o monitoramento dos indicadores de qualidade, em geral podem ser divididas em análises diárias e mensais.

As análises diárias devem ser realizadas na recepção do leite cru e as análises mensais devem ser feitas pela Rede Brasileira de Laboratórios de Qualidade do Leite (RBQL).

Análises diárias:

  • Índice crioscópico;
  • Acidez titulável;
  • Teste do álcool/alizarol na concentração mínima de 72%;
  • Densidade relativa a 15 °C
  • Teor de gordura, sólidos totais e não gordurosos;
  • Pesquisas de neutralizantes de acidez;
  • Pesquisas de reconstituintes de densidade ou do índice crioscópico;
  • Pesquisas de substâncias conservadoras;
  • Resíduos de antibióticos.​
  • Análises mensais:
  • Teor de gordura;
  • Teor de proteína total;
  • Teor de lactose anidra;
  • Teor de sólidos não gordurosos;
  • Teor de sólidos totais;
  • Contagem de Células Somáticas;
  • Contagem padrão em placas.
  • Parâmetros mínimos (%):
  • Gordura 3,0
  • Proteína 2,9
  • Lactose 4,3
  • Sólidos não gordurosos 8,4
  • Sólidos totais 11,4
  • Estabilidade alizarol 72
  • No caso do leite tipo A cru, a análise mensal passa a ser quinzenal.

Os limites da Contagem Bacteriana Total (CBT) não deverão ultrapassar 300 mil UFC/mL nas análises individuais de cada produtor. Antes da industrialização, a CBT máxima deve ser de 900 mil UFC/mL. A Contagem de Células Somáticas (CCS) não deve exceder 500 mil cs/mL na média geométrica trimestral. Para o leite cru refrigerado tipo A, a média geométrica trimestral é de 10 mil UFC/mL e CCS permanece também com a média geométrica trimestral de 400 mil cs/mL.

Especialistas no setor lácteo concordam que as IN 76 e 77 indicam a oportunidade de avanço significativo na cadeia láctea e que os níveis de qualidade exigidos são uma realidade atingível por muitos produtores. As novas normas destacam a importância do foco em qualidade, da capacitação continuada e que é chegado o momento de realizar um trabalho consciente no setor.

A partir da implantação das INs 76 e 77 todos os agentes atuantes no segmento vão precisar ainda mais de velocidade na obtenção de informações sobre o rebanho e da qualidade do leite produzido. Pois qualquer atraso faz com que as decisões sejam tomadas tarde demais e podem resultar em inconformidades perante as novas legislações e inspeções da fiscalização.

A plataforma de gestão da qualidade do Milkspec® nasceu e foi pensada para contribuir com que o agro do leite se torne referência. É um produto estratégico para uma nação que por meio de sua estrutura gestora busca fomentar e evoluir o setor lácteo.

Após a análise que dura cerca de 1 minuto, os sistema apresenta os indicadores de gordura, proteína, lactose, sólidos totais, sólidos não gordurosos e nitrogênio uréico.

Também possui indicador de Estabilidade compatível com o alizarol. Contagem de Células Somáticas com variação de ± 50 mil cs/mL e Conformidade que pode sinalizar a presença de contaminação, incluindo algum tipo de antibiótico.

O sistema é calibrado tendo como referência as análises dos laboratórios da RBQL e também através dos métodos clássicos previstos nas normas ISO e no Manual de Métodos Oficiais para Análise de Alimentos de Origem Animal – MAPA (2018).

No futuro, um indicador de CBT também será disponibilizado a todos os clientes.

Quer saber mais detalhes sobre a Instrução Normativa 77? Então acesse abaixo a palestra com Bruno Leite, Auditor Fiscal do Ministério da Agricultura.

Entre os temas abordados na IN 77, o Plano de Qualificação dos Fornecedores de Leite (PQFL) é o que tem apresentado maior interesse por parte dos produtores de leite e indústria laticinista. Isso se deve ao fato de que a sua aplicação na propriedade rural por parte dos produtores e apoiada pela indústria, não consiste a princípio em uma tarefa simples e rápida.

Lembrando que o Plano de Qualificação dos Fornecedores de Leite (PQFL) está basicamente centrado na implantação das Boas Práticas Agropecuárias (BPA) no sistema de produção de leite.

Por: AGRONEWS BRASIL, com informações da RepiLeite

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