Novo relatório da FAO aponta que a implementação de políticas públicas reduziu o desmatamento no Brasil

O Estado das Florestas do Mundo 2016” destaca que vincular o acesso ao crédito rural com créditos ambientais, evitou a perda de 270 mil hectares de florestas que seriam desmatadas no País.

Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) lançou nesta semana (18) o relatório O Estado das Florestas do Mundo 2016 (SOFO em inglês), que aponta os incentivos e mecanismos de fomento público que alia o recebimento de créditos ao cumprimento de normas ambientais de combate ao desmatamento. De acordo com o documento, o Brasil aparece como um importante exemplo na implementação destas políticas.

O relatório destaca que vincular o acesso ao crédito rural com créditos ambientais, evitou a perda de 270 mil hectares de florestas que seriam desmatadas no Brasil para aumentar a produção de carne bovina.

Um exemplo brasileiro é a iniciativa “Bolsa Verde” – um programa de transferência condicionada de renda que disponibiliza recursos a milhares de famílias pobres em troca de que mantenham a cobertura vegetal e façam a gestão de forma sustentável dos recursos naturais.

“Garantir a sustentabilidade dos recursos naturais é uma tarefa que o mundo deve estar bem atento. O Brasil tem seguido essa linha com a implementação de marcos legais e políticas que aproximam o agricultor e o extrativista brasileiro a práticas sustentáveis. A ideia é seguir produzindo cada vez mais, porém utilizando cada vez menos recursos ambientais”, disse em nota o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic.

Fator agronegócio

Segundo o SOFO, na América Latina, o agronegócio é o principal causador do desmatamento. O documento aponta que ele gerou quase 70% do desmatamento na região de 2000 a 2010.

Especialmente na Amazônia, a produção do agronegócio para os mercados internacionais foi o principal fator de desmatamento após 1990, resultado de práticas como o pastoreio extensivo, o cultivo de soja e as plantações de palma azeiteira (dendê).

Apesar do desmatamento seguir em níveis altos na região, em 2015 a taxa reduziu em quase 50% em relação a 1990. Essa redução também foi significativa na Amazônia devido às políticas de desenvolvimento sustentável impulsionadas pelos países que partilham a bacia amazônica.

Ainda de acordo com o relatório, desde 1990 mais de 20 países em âmbito global melhoraram a segurança alimentar e mantiveram ou aumentaram a cobertura florestal, demonstrando que não é necessário desmatar as florestas para produzir mais alimentos.

Fator pastagens

O SOFO cita também um estudo sobre as causas do desmatamento em sete países da América do Sul, que mostra a relação entre o desmatamento e a expansão da pastagem extensiva.

De acordo com a pesquisa, no período de 1990 a 2005, 71% do desmatamento na Argentina, Colômbia, Bolívia, Brasil, Paraguai, Peru e Venezuela teve como causa a demanda de pastos; 14% os cultivos comerciais, e menos de 2% infraestrutura e expansão urbana.

A expansão dos pastos causou a perda de ao menos um terço das florestas em seis países analisados. A exceção foi o Peru, onde o aumento das terras de cultivo em pequena escala foi o fator dominante do desmatamento, causando 41%.

Na Argentina, a expansão dos pastos foi responsável por 45% do desmatamento e a expansão de terras de cultivo comerciais respondeu por mais de 43%. No Brasil, mais de 80% do desmatamento estava ligado à conversão de terras em terrenos de pasto.

Fonte: Cenário Agro

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