Se confirmado embaixador nos EUA, Eduardo Bolsonaro enfrentará grandes desafios, avalia analista

Boca Raton/FL – Se for confirmada pelo Senado Federal a indicação (ainda não oficializada) do presidente Jair Bolsonaro de seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL/RJ) ao cargo de embaixador do Brasil nos EUA, o parlamentar deverá enfrentar, no exercício do cargo, grandes desafios em questões importantes para o país.

Na avaliação do analista político, consultor e economista brasileiro, Carlo Barbieri, que preside o Oxford Group – consultoria que atua há mais de 30 anos nos Estados Unidos – a nova relação comercial EUA-Brasil, a guerra comercial com a China, e outros pontos relevantes internacionalmente para o Brasil devem exigir do parlamentar aprendizado em curto espaço de tempo.

“A conjuntura política é bastante distinta, o deputado possui, por exemplo, uma certa aproximação com o presidente Donald Trump, mas de qualquer forma as atribuições são totalmente distintas daquelas que ele, na condição de parlamentar,realiza atualmente é são bem desafiadoras, e é preciso estar preparado para enfrentar o jogo parlamentar americano”, afirma Carlo Barbieri.

Uma das principais discussões sobre a indicação do atual deputado é sua capacidade técnica e política para ocupar um dos cargos diplomáticos mais importantes para a política internacional brasileira. Antes de mais nada, segundo o consultor, é preciso entender quais são as atribuições e como atua o chefe  de uma missão diplomática: “o embaixador é a principal autoridade do Brasil no país em que ele reside. Sua principal função é representar o país e melhorar a relação diplomática com determinada nação. Na prática não é tarefa tão fácil”.

O que faz o embaixador

As funções do embaixador são dinâmicas. Existe a competência política, que consiste em acompanhar a conjuntura política, social e econômica do país e estabelecer laços entre os países; a comercial, onde o chefe diplomático deve promover os interesses do Brasil no país de sua atuação; além da administrativa, da divulgação da cultura nacional entre outras.

Segundo Barbieri, a rotina na Embaixada do Brasil nos EUA depende muito do perfil do embaixador: “cada embaixador pode estabelecer seu estilo de trabalho próprio. Tem embaixador mais político, que foca suas atividades em ações parlamentares, e tem também aqueles que se atêm mais às atribuições internas, como as comunicações com outros embaixadores e embaixadas, a fim de disseminar informações relevantes sobre o Brasil e buscar fortalecer a imagem do país”.

Independentemente do estilo pessoal, o consultor explica que o embaixador precisa ser, essencialmente, um bom lobista no sentido de promover positivamente o Brasil para o governo americano.  Segundo ele, “o embaixador deve buscar, com suas ações políticas, defender e proteger os interesses do país, se envolvendo por exemplo, em negociações complexas e difíceis com o governo americano. Mesmo que haja posições convergentes, muitas vezes o entendimento do país sobre determinado assunto pode ser diferente, então cabe ao embaixador fazer essa intermediação. Não é apenas só concordar com o governo americano, mas ponderar o que é relevante ou não para o Brasil”.

No Congresso Americano, essa interlocução envolve a produção de documentos e relatórios para serem enviados ao Parlamento, quando há alguma votação de interesse do governo brasileiro. Um exemplo mais recente é a questão sobre os embargos à entrada da  carne brasileira nos EUA. Nesse tema, a embaixada é responsável por elaborar relatórios para enviar aos congressistas mostrando que as condições sanitárias para exportação do alimento estão adequadas.

“Assim, o papel do embaixador é o de se encontrar com congressistas, buscando um bom relacionamento em prol de assuntos como esse. Em paralelo também há o trabalho de negociações políticas com órgãos governamentais. Sempre que há uma negociação de interesse relevante e urgente, é  a ação do embaixador é imprescindível”, acrescenta Barbieri.

Temas desafiadores

Se confirmado para embaixador, Eduardo Bolsonaro deverá atuar em questões desafiadoras como por exemplo: a posição do Brasil na guerra comercial dos EUA com a China, o cumprimento da promessa do presidente Donald Trump de colaborar para a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Essa entrada pode trazer alto grau de investimento para o Brasil. Outra questão importante será a estratégia no que diz respeito ao uso da Base de Alcântara pelos EUA, embora sua implementação ainda seja incerta, já que precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional.

“Nesse tema, o embaixador terá que atuar de maneira mais política possível juntos aos congressistas americanos. A posição privilegiada do centro pode atrair investimentos importantes do mercado mundial de lançamento de satélites, que movimenta cerca de US$ 5 bilhões anuais. Com o aluguel de Alcântara, a Força Aérea Brasileira estima que será possível arrecadar R$ 140 milhões por ano. Os recursos que vão entrar também podem contribuir para alavancar o desenvolvimento do Brasil e do Maranhão”, afirma Carlo Barbieri.

Além disso, o governo deverá buscar o livre comércio com os EUA. “Depois do tratado assinado com a União Europeia, o Mercosul está diante de uma janela de oportunidade única. É hora de negociar essa uma zona de livre comércio com Donald Trump”, posiciona Carlo Barbieri.

“O acordo seria uma maneira de impulsionar o crescimento da economia nacional – que está saindo aos poucos da crise – e fortalecer os vínculos econômicos com os Estados Unidos”, diz o analista

Um outro desafio é instigar os americanos a concederem o visto E-2 para brasileiros. Este tipo de visto, que pode ser solicitado por empreendedores, é conferido a estrangeiros dispostos a investir um valor substancial em capital ou em um negócio nos EUA. Entre os países que têm direito a este tipo de visto estão Japão, Chile, Paraguai, Argentina e França.

(*) Com informações do  Oxford Group

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