Vale do Araguaia em MT já lidera produção nacional de Gergelim e continua crescendo

A cultura do gergelim vem crescendo em área plantada em Mato Grosso, principalmente na região do Vale do Araguaia. O município de Canarana, no noroeste do Estado, é responsável por 80% a 90% da produção nacional da semente, e que tem chamado atenção da indústria alimentícia internacional.

Mato Grosso o grande estado do Agro

Mato Grosso já vem se destacando no cultivo de gergelim. O grão tornou-se uma alternativa lucrativa dos agricultores para a segunda safra, após a colheita da soja. “A cultura do gergelim era considerada há alguns anos uma cultura extrativista, não utilizava fertilizantes e agroquímicos. Hoje, observamos uma evolução no manejo nutricional e fitossanitário e maior profissionalização na comercialização dos grãos”, afirmou Gildomar Avrella, técnico agropecuário da Empaer-MT. Dessa forma, a rentabilidade do produtor pode dobrar em relação aos cultivos de gergelim, onde são plantados várias variedades, entre elas BRS SEDA, K3, TREBOL, oriunda da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Gildomar Avrella, técnico agropecuário da Empaer-MT

O Governo de Mato Grosso vem ampliando os incentivos fiscais aos agricultores, em especial das novas cadeias produtiva. “Hoje é ofertado uma redução do ICMS de 12% para 4,5% para as cargas de gergelim. Com esse incentivo do PRODER, vemos a possibilidade de que seja vendido para os demais estados brasileiros, pois o gergelim de Mato Grosso tem um teor de óleo muito bom, comparado aos demais”, afirmou Afrânio César Migliari, que é executivo da APROFIR/MT – Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Grãos Especiais e Irrigantes de Mato Grosso.

Afrânio César Migliari – Executivo da APROFIRMT

Sobre o cultivo de gergelim

O gergelim é uma planta originária da Índia e seus frutos são cápsulas que variam de tamanho de dois a oito centímetros de comprimento e chegam até dois centímetros de diâmetro. As sementes são pequenas e ovaladas e ligeiramente achatadas. As sementes pretas são as mais utilizadas para cultivo de subsistência e as de coloração branca e creme são destinadas para indústria de panificação e mercado internacional.

A produção de gergelim teve uma alta muito grande nos últimos anos em Mato Grosso. “Saímos de 10 mil hectares antes de 2017, passamos para 50 mil hectares em 2018, e hoje, e a previsão para esse ano é de 150 mil hectares”, garantiu Afrânio Migliari.

Em Mato Grosso, a cultura do gergelim se intensificou nos últimos dois anos e está concentrado nos municípios de Canarana, Água Boa, Querência, e aos poucos está sendo difundido em todo o estado de Mato Grosso. Somados eles representam hoje 180 mil hectares, com uma produção média em torno de 500 quilos por hectare. O técnico da Empaer-MT, Gildomar Avrella afirma que praticamente toda a produção vai para o mercado externo, Europa e Ásia, especialmente Rússia, Turquia e Vietnã, por que o mercado brasileiro ainda pequeno.

Pouco exigente em água, o cultivo de gergelim tem ciclo precoce, variando de 90 a 100 dias do plantio até a colheita. Essa facilidade levou o engenheiro agrônomo Marcos da Rosa, vice-presidente da Famato, a plantar a semente. Ele possui uma propriedade em Canarana onde, nos últimos dois anos, foram produzidos 600 quilos por hectare. “O gergelim deixa sempre uma rentabilidade líquida por hectare, comparado a outras culturas na segunda safra”, afirmou Marcos.

Incentivos à produção de gergelim

O Executivo da APROFIR-MT, Afrânio Migliari, ressalta que o incentivo dado pelo governo foi muito próximo da época da semeadura, fazendo com que, não impactasse muita a safra de gergelim nesse ano, que de acordo com o IBGE deverá ser de 142 mil hectares. Ele afirma que todos os produtores tem a oportunidade do benefício do PRODER. “Porém, vemos que é o médio e o pequeno produtor são os que mais procuram essa cultura, como uma oportunidade de segunda safra”, pontou Migliari. No caso, os beneficiados precisam fazer uma contribuição de 2% do valor do benefício fiscal efetivamente utilizado para o Fundo de Desenvolvimento Rural da SEDEC – Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Mato Grosso.

O produtor rural Marcos da Rocha garante que o mercado do gergelim é promissor, atualmente a produção mato-grossense é vendida para quase cinquenta compradores fixos, treze deles com empresa fixa em Canarana. “Hoje não conseguimos atender nem 1% do mercado internacional, agora mesmo o México veio atrás do Brasil, para nós fornecermos gergelim”, disse Marcos. O vice-presidente da Famato cobra mais investimento em pesquisa para o melhoramento genético do gergelim e também reduzir as perdas durante a colheita, que por ser uma semente fina e leve, que segundo Marcos, o prejuízo chega até 40% da produção da planta no campo.

Fatores adversos

Em busca de solução para conter alguns dos prejuízos, atualmente uma equipe da Empaer-MT vem testando cerca de 30 experimentos de gergelim em parceria com LC Sementes, IAC – Instituto Agronômico de São Paulo. “Hoje o grande gargalho é a colheita que é feita de forma mecânica”, afirmo Avrella. A Embrapa também vem desenvolvendo pesquisa em busca de melhoramento genético e outras variedades na produção do gergelim onde a capsula não abra no momento da colheita, apenas quando estive no maquinário. “Precisamos pensar em mais oportunidades de incentivos, pois hoje a cultura do milho, concorre muito com a do gergelim, pois ambas são plantadas em segunda safra em Mato Grosso e as oportunidades hoje para o milho são muito fortes”, concluiu, Afrânio Migliari, executivo da APROFIR-MT.

Mercado

O grão é comercializado hoje a R$4,50 o quilo. Apesar do gergelim possuir baixo custo de produção e bom retorno financeiro, o preço atual, devido alta do dólar, não despertou o interesse do produtor Alex Wisch. “Particularmente não plantamos devido a rentabilidade ter ficado muito abaixo do milho nesse ano. Se assim prosseguir, vamos continuar plantado milho nas próximas safras. Antes o grão substituía o plantio do milho”, garantiu Wisch. Ele começou a cultivar gergelim no ano de 2011, na propriedade que possui em Canarana, e chegou a produzir até 360 hectares.

Por: Márcio Moreira – AGRONEWS

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